quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Morreu Marie Couvin,Jornalista que defendia os direitos civis

Marie Couvin, jornalista morreu ontem(quarta feira),sendo que anteriormente já tinha perdido uma visão, como mostra a foto.


Marie Colvin (à esquerda) posa com rebeldes líbios em Misurata
Foto: ReutersMarie denunciava tudo que acontecia contra os civis...morreu defendendo o que acreditava.E antes de morrer falou que o conflito na Síria foi o pior que tinha visto até o momento. Foi sempre defensora dos Direitos Civis.
Morreu narrando os acontecimentos 





Marie Colvin (à esquerda) posa com rebeldes líbios em Misurata
AMÃ e BEIRUTE — O ataque que matou dois jornalistas estrangeiros nesta quarta-feira no bairro de Bab Amro, em Homs foi planejado pelas forças do regime sírio, de acordo com informações do jornal britânico “Daily Telegraph”. A casa onde estavam a repórter americana do “Sunday Times” Marie Colvin e o fotógrafo francês Remi Ochlik estava sendo usada como uma espécie de centro de imprensa, organizado por ativistas e rebeldes. De acordo com o jornal, a inteligência libanesa interceptou comunicações entre autoridades do Exército sírio que revelam ordens diretas para atacar o local.
O porta-voz da ONU, Eduardo del Buey, afirmou que as Nações Unidas vão enviar a chefe humanitária Valerie Amos à Síria em breve para “ter acesso à situação humanitária e renovar os pedidos pelo urgente acesso humanitário”.
A Cruz Vermelha Internacional pediu nesta quarta-feira que as autoridades e rebeldes sírios entrem em acordo para um cessar-fogo diário de duas horas que permita a chegada de suprimentos a civis e a retirada de feridos dos locais de conflito. O presidente francês, Nicolas Sarkozy, foi além e classificou a morte dos jornalistas de “assassinato”, dizendo que o regime sírio deve deixar o poder imediatamente.
— Agora basta. Esse regime deve partir e não há razão para que os sírios não tenham o direito de viver suas vidas e escolher seus destinos livremente. Se os jornalistas não estivessem lá, os massacres seriam muito piores — afirmou Sarkozy.
O presidente russo, Dmitry Medvedev, disse ter conversado por telefone com o iraniano Mahmoud Ahmadinejad nesta quarta-feira sobre a situação na Síria. De acordo com um comunicado divulgado pelo Kremlin, os dois países acreditam que o conflito no país deve ser resolvido de maneira pacífica, sem intervenção estrangeira.
As conversas sírias via rádio revelam ainda que se a operação corresse como o planejado e os profissionais fossem mortos, o governo diria que eles morreram acidentalmente durante confrontos com grupos terroristas.
Após a divulgação da morte dos jornalistas, autoridades sírias afirmaram que não tinham conhecimento de que eles estavam no país. O Ministério da Informação sírio pediu que todos os jornalistas estrangeiros que estão ilegalmente no país se apresentem ao governo.
“O Ministério pede que todos os jornalistas estrangeiros que entraram ilegalmente na Síria vão até o centro de imigração e passaportes mais próximo para resolver sua situação de acordo com as leis em vigor” diz um comunicado veiculado na TV estatal.
Testemunhas confirmaram o bombardeio que matou os jornalistas e disseram que a casa foi atingida por 11 foguetes. Além de Marie e Ochlik, pelo menos outros três repórteres estrangeiros ficaram feridos no ataque. Entre eles, o fotógrafo britânico Paul Conroy, a francesa Edith Bouvier — que teria machucado as pernas — e uma americana ainda não identificada, que estaria em estado grave. Em entrevista à Reuters, um morador disse que bombas atingiram a casa onde os dois estavam hospedados e um foguete caiu perto deles quando tentavam escapar.
Um vídeo publicado no YouTube mostra Edith e Paul em macas do que seria um hospital de campanha em Homs. Os dois estão conscientes e com curativos. O grupo Avaaz diz que a jornalista francesa corre risco devido a uma hemorragia e afirma que está tentando removê-la da cidade. Edith teria ferimentos no quadril e na coxa, enquanto Paul sofreu um corte em uma artéria da coxa. O chanceler francês, Alain Juppé, pediu uma trégua imediata para que médicos possam atender as vítimas no centro de imprensa improvisado.
— A outra jornalista americana está em condições muito graves, ela precisa de tratamento urgente — disse um ativista identificado apenas como Omar. — A casa foi atingida por mais de dez foguetes.
Jornalistas tinham larga experiência em conflitos
Tanto Marie Colvin quanto Remi Ochlink eram repórteres de guerra veteranos e já tinham trabalhado em vários conflitos no Oriente Médio. A americana chegou a perder um olho enquanto cobria o conflito no Sri Lanka, em 2001, e aparecia em público sempre com um tapa olho. Aos 28 anos, Ochlink já era experiente. Ele começou a cobrir conflitos no Haiti, quando tinha apenas 20.
Em sua última aparição na mídia, três horas antes do bombardeiro, Marie denunciou a morte de um bebê em Homs em entrevista a Anderson Cooper, da CNN. Durante a ligação, ela disse que a situação em Bab Amro estava caótica, com francoatiradores por todos os lados e que não havia como deixar a cidade.
— Este é o pior (conflito que cubro). Não tem para onde fugir. O Exército sírio está em todo perímetro. Além disso, há muitos francoatiradores. Podemos até tentar adivinhar onde estão, mas não sabemos onde vão atirar. — contou Marie.
Em outra reportagem divulgada pela rede britânica ITN nesta terça-feira, Marie fala sobre a situação do bairro de Bab Amro. “Os sírios não estão permitindo que os civis saiam daqui. Qualquer um que sai às ruas, se não for atingido por um bombardeio, é atingido por atiradores”, relatou.
Jean-Pierre Perin, repórter do jornal parisiense “Libération”, esteve com Marie em Homs na última semana e revelou que eles foram avisados de que o Exército sírio iria atacar “deliberadamente” o centro de imprensa. Eles receberam o conselho para deixar a cidade urgentemente e ouviram que caso o Exército os encontrasse, os mataria.
— Então, deixei a cidade com a jornalista do “Sunday Times” (Marie), mas ela quis voltar quando viu que as maiores ofensivas ainda não tinham acontecido — relatou Perin, que está agora em Beirute, de acordo com o “Daily Telegraph”. — O Exército sírio deu ordens para matar qualquer jornalista que pisasse em solo sírio.
Jovens são executados em Idlib; oposição pede boicote a referendo
Mais cedo, tropas e milicianos leais ao presidente Bashar al-Assad mataram 27 jovens ao invadirem vilarejos em uma província no norte da Síria, informou um grupo de ativistas da oposição.
Os jovens, todos civis, levaram tiros principalmente na cabeça ou no peito em suas casas e nas ruas das aldeias de Idita, Iblin e Balshon na província de Idlib, perto da fronteira com a Turquia, informou a Rede Síria para Direitos Humanos.
“Forças militares perseguiram civis nestes povoados, os prenderam e os mataram sem qualquer hesitação. Eles se concentraram em homens jovens e quem não conseguiu escapar foi morto”, disse a organização em um comunicado.
Vários vídeos do You Tube postados por ativistas locais em Idlib, que não puderam ser confirmados de forma independente, mostraram corpos de homens jovens com ferimentos de bala deitados em ruas e casas.
O Comitê de Coordenação Local, um dos principais grupos opositores da Síria, convocou um boicote ao referendo de uma nova Constituição proposto por Assad, previsto para o próximo domingo. Para o comitê, a ação é uma manobra do presidente para encobrir a violenta repressão do governo.
“O regime está usando essa proposta para encobrir seus massacres. Uma Constituição não pode ser preparada a menos que todos os poderes políticos e grupos sociais da Síria participem de sua elaboração através de uma assembleia eleita”, afirma o grupo em um comunicado.


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